Passos do Tribal Fusion bellydance: ¾ Shimmy

foto: Diana Souza

Hoje iremos falar do ¾ shimmy. Por que o ¾ shimmy pode causar em algumas alunas aquela sensação de travamento, de frustração e ele acaba sendo abandonado do treino? Como deixá-lo seguro e fazê-lo com tranquilidade?

Assim como o L da dança oriental, o hagallah, e o shimmie “de quadril” tanto da dança oriental e do tribal fusion, o shimmie ¾ é um daqueles movimentos que você precisa ter controle do seu corpo, um certo relaxamento, e uma técnica segura para fazer rápido. Assim como todo movimento que há em toda dança, não há segredo, a não ser o treino. Porém, apesar disso, podemos falar aqui sobre como treiná-lo e deixá-lo cada vez mais confortável em sua prática. 

O ¾ shimmy pode ser para cima ou para baixo. Ambos podem ser realizados com os pés no chão ou na meia ponta, com ou sem deslocamento. Ele consiste de 3 movimentos de quadril no plano vertical e no eixo sagital. Estes movimentos são dissociados (não possuem locks), pois se tratando de shimmie vamos precisar realizá-los com velocidade. Digamos que estamos fazendo ¾ shimmy para cima e estamos começando com o lado direito. A pisada é feita no 1, e dali, já se coloca o lado direito do quadril para cima. no 2 o lado esquerdo para cima, e no 3 direito para cima. No 1, trocamos o peso para o outro lado e fazemos a mesma coisa. D-E-D | E-D-E. 1-2-3 | 1-2-3.

  1. Mantenha-se na contagem do movimento. Esta é a dica mais importante e o ponto que mais “pego no pé” das minhas alunas. Os 3 “locks” podem ser dentro de 4 tempos, 2 tempos, ou 1 tempo, dependendo da velocidade que você está treinando. Comece beeeem devagar, com os locks molinhos – por isso usei aspas na palavra lock, pois você não irá treinar com acentuação. Mantenha-se em uma velocidade que você consiga realizar apenas 3 – não duas, nem quatro, mas três – movimentos. Quando estiver confiante em treinar em uma velocidade, passe para a próxima e treine mais rápido. 
  2. Mantenha a qualidade do movimento. Se você está realizando o ¾ shimmie no lado direito, faça o segundo lock (na esquerda) com a mesma qualidade. Se você esquecer do lado que faz a contagem 2, o movimento ficará muito pequeno, e só vai dar pra ver nas contagens 1 e 3.  às vezes é preciso diminuir o lado que começa e termina (1 e 3) para que o 2 fique parelho.
  3. Troca de peso. Preste atenção na hora de trocar o peso, no momento 1. Faça o treino com o pé inteiro no chão, sentindo a troca de peso. Se estiver muito rápido e você não consegue transferir peso suficiente ou não consegue sentir isso propriamente, treine mais devagar. Depois de ter confiança na troca de peso no chão, treine na meia ponta.
  4. Não fique com “raiva” por não estar conseguindo, respire fundo e tenha paciência. Treinar devagar ajuda a relaxar e conseguir a coordenação suficiente.
  5. Ao ter mais segurança no seu shimmie ¾, treine-o com deslocamento.

Espero que estas dicas ajudem a melhorar seu ¾ shimmy, muito obrigada e até a próxima!

Com carinho,
Aline Pires

Meu Instagram: @alinepiresbellydance

Aline Pires é bailarina e professora de dança oriental e tribal fusion, graduanda em Educação Física na UFSC.

Aquecimento nas aulas de dança oriental

Todos sabem que o aquecimento é uma parte importante das aulas de práticas corporais como esporte, dança e artes marciais, pois prepara o nosso corpo para atividade física intensa. Como se trata de uma preparação, ao contrário do que muita gente pensa quando foca apenas em aumentar a temperatura corporal dos alunos, devemos lembrar que o aquecimento não deve gerar FADIGA. Ou seja, ele deve ser na medida certa para que aumentemos a temperatura corporal dos alunos sem que eles já fiquem cansados no começo da aula. Já errei muito neste quesito, e hoje em dia sei como lidar com o aquecimento de forma a deixar a prática mais prazerosa. Como saber se o meu aquecimento está cansando meus alunos? Faça testes em você mesmo. Antes de ensaiar, teste seu aquecimento e veja como se sente. Você deve terminar seu aquecimento com o corpo quente, porém não deve estar ofegante. Perceba sua respiração e seus músculos como reagem ao iniciar o ensaio. Lembre-se sempre que o corpo do profissional normalmente é mais bem preparado do que dos seus alunos, portanto considere que eles podem ficar um pouco mais cansados do que você. Outro ponto importante sobre o aquecimento nas aulas é que você não deve permitir os alunos pularem o aquecimento com a desculpa “eu vim caminhando” por exemplo. O aquecimento para a aula de dança prepara para AQUELA AULA especificamente. Ele tem a função geral de aumentar a temperatura do corpo, mas também prepara partes específicas do corpo para as atividades que terão na aula.

Irei compartilhar aqui meu aquecimento pessoal e o de aulas:

Pessoal:

1. Faço um alongamento dinâmico (exceto as costas, que necessito alongar de forma estática primeiro, depois dinâmico). Nesta etapa alongo o abdome também. Yoga é uma ótima forma de “get things going”. Além disso movimento a cabeça, ombros, mmss, mmii e quadril de forma confortável.

2. Realizo o repertório básico em alguma música, fazendo algumas repetições de cada movimento. Esta etapa, comparando com uma escovação dentária, seria o fio dental. Passe fio dental regularmente para deiar suas gengivas saudáveis e dentes limpos de verdade, e faça o repertório básico para deixar seus movimentos limpos também.

3. Inicio o ensaio.

Para as aulas:

  1. Conduzo-os a movimentar o corpo de forma tranquila e confortável. É o momento que os alunos estão chegando no estúdio, ou em tempos de pandemia, eles poderiam estar deitados ou sentados antes da aula, pode ser que estejam muito tempo na mesma posição. Ou seja, acorde o corpo das pessoas com cuidado e carinho.
  2. Alongamento estático e dinâmico. Ou seja, faço o dinâmico junto com a respiração, e no fim fico poucos segundos na posição. O objetivo nesse momento não é ganhar flexibilidade, mas sim “acordar” os músculos. O alongamento dinâmico é muito mais eficiente como aquecimento do que o estático.
  3. Faço uma dança improvisada com movimentos básicos que estou utilizando nas aulas. Depois disso partimos para a aula em si.

Obrigada por ler, com carinho,

Aline Pires.

 

Aline Pires é bailarina e professora de dança oriental e tribal fusion, graduanda em Educação Física na UFSC.

Máximas do Judô e um breve texto sobre estudos e ensino, com um pouco de minha experiência.

 

Tirei esta foto na sala de artes marciais do CDS, UFSC, no ano passado, e sinto que vários princípios podem ser aproveitados para a dança. Estamos vivendo em um tempo no qual há alunos que fazem 1 ano de aula de dança do ventre e se colocam a participar de competição nível profissional, oferecem workshops e dão aulas regulares. Sem formação acadêmica ou sem formação profissional técnica, sem base e sem experiência suficiente como bailarino, desejando reconhecimento por algo que não fizeram ainda. Em minha época de amadora, em geral se tornava professor após ter pelo menos 10 anos de estudo. Eu acreditava ter começado muito cedo, com 6 anos de estudo e com curso de formação profissional. O tempo é relativo, mas o que você consegue aprender e estudar em 2 anos com muito esforço não é o mesmo que você consegue em 10 anos também com muito esforço, certo?  

É na sala de aula e na frente do espelho, com muito esforço, que surge uma bailarina. Digo estudo em sala de aula como aluna regular de dança oriental, não com outras modalidades. Muitos confundem isso, acreditando ser possível dar aula de dança do ventre porque têm experiência com outras modalidades e têm “facilidade”. A nossa modalidade é uma das mais ricas em cultura, em precisão técnica, em controle corporal, portanto, não desvalorize-a. “Uma bailarina clássica não subiria ao palco (profissionalmente) com pouco tempo de preparo, como acontece na dança do ventre.” Disse Samantha Emmanuel, bailarina inglesa de Tribal Fusion.

Resolvi estudar educação física para me sentir melhor qualificada para lidar com o corpo das pessoas, mas mesmo sem uma graduação na área da saúde, é necessário um curso técnico ou até informal que o prepare para isso. Um curso que tenha as disciplinas de anatomia, cinesiologia, biomecânica, fundamentos didático-pedagógicos, entre outros.

Precisamos orientar os alunos a terem paciência, e construírem sua técnica de forma sólida, sempre com humildade e disciplina, para não cometerem erros que no futuro causem arrependimento. 

Com carinho,

Aline Pires.